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Sindifisco, 16/07/2018

Ciro e a mudança na regressividade de impostos

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Veterano nas disputas pela Presidência da República, o pré-candidato Ciro Gomes (PDT) teve tempo para burilar suas propostas e adequá-las à situação do País.

Ontem, durante palestra na Associação das Empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Aecipp), o presidenciável mostrou mais uma vez não apenas a sua boa retórica, mas saídas para o Brasil dentro do contexto econômico.

Diante de uma plateia de empresários e executivos, Ciro detalhou ideias para câmbio, juros, dívida interna e fiscal. Dessas propostas, uma das mais interessantes está na área tributária. A questão é considerada chave para o desenvolvimento nacional, por minar possibilidades de competição global das companhias. Nesse quesito, o candidato mostrou proposta com uma amplitude maior, que atinge a população como um todo, e não apenas a classe empresarial.

A ideia passa pela revisão da regressividade dos impostos no Brasil, considerado um dos mecanismos mais injustos de arrecadação. As fórmulas de ajuste não foram explicadas, mas a intenção de corrigir as deformidades que fazem quem ganha menos pagar mais já representa um avanço.

Esse tipo de proposta não costuma alcançar grande adesão da classe empresarial, mais preocupada com a política de desoneração fiscal e com a retirada de encargos para desobstruir a produção. Nesse aspecto, a experiência do candidato ajuda a somar, ao ventilar com a possibilidade de simplificação tributária, o que poderia agregar alguma simpatia de quem não quer abrir mão de mais nenhum centavo.

“No Brasil quem pode pagar mais paga muito menos; e quem pode pagar menos paga muito mais. É preciso diminuir a tributação sobre os pobres e a classe média”, acrescentou o candidato.

EMPRESAS

MENOS TRIBUTOS SOBRE BENS DE CAPITAL

Como economia é sempre uma escolha política e não se faz isso em uma democracia sem uma coalizão de forças, Ciro Gomes também mostrou que o cálculo da tributação seria sobre lucro e resultados, e não em cima da produção e de bens de capital. A ideia também não representa uma unanimidade, mas poderia aliviar a carga fiscal em relação ao que se paga atualmente.

Através dessa estratégia, o candidato imagina que seria possível não prejudicar quem luta para sobreviver. “Se a empresa vai mal, o Estado não atrapalha; se a empresa vai bem, ela partilha uma fração do seu lucro com o conjunto da sociedade”, ressalta.

PECÉM

MODELO CEARENSE DE INDUSTRIALIZAÇÃO

O modelo cearense de desenvolvimento, com a parceria entre empresas e Estado, é outro ponto central no discurso do candidato. A política de atração de indústrias para o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) é o grande exemplo, conseguindo atrair novos negócios e recordes em produção e exportação, mesmo com o processo de desindustrialização do País.

Como replicar esse modelo no contexto nacional, com falta de recursos do governo e a economia fragilizada, certamente é um grande desafio. Ciro Gomes conhece bem os números da indústria e tem uma visão histórica dos processos políticos e econômicos que desencadearam as dificuldades vividas hoje, mas será preciso apostar em novas estratégias para desatar os nós que amarram o crescimento, e isso não se faz apenas com conhecimento das estruturas. Talvez o maior desafio seja conseguir equilíbrio, inclusive emocional, para unir todas as forças divergentes nas mesas de negociação.

DADOS

CENÁRIO DE RETROCESSO

A semana termina mais uma vez mostrando os retrocessos. A revisão do PIB pelo mercado mostra previsão de um teto de crescimento de 1,5% para esse ano. O número é considerado ainda otimista diante tanto das perdas com a greve dos caminhoneiros quanto das projeções da indústria, que calcula uma elevação de custos de 2,4%.

O cenário promete para o segundo semestre mais turbulências, principalmente com a proximidade das eleições.

POLÍTICA

DESAFIO PARA 2019

As projeções para as contas públicas nacionais só pioram com as medidas aprovadas esta semana no Congresso. Quem assumir o governo no ano que vem terá de conseguir dinheiro para pagar R$ 100 bilhões a mais, com a aprovação de isenções fiscais que beneficiam a indústria e com a permissão para novos aumentos ao funcionalismo em 2019. Os parlamentares esqueceram, mais uma vez, de dizer de onde virá o dinheiro.

CEARÁ

CONFIANÇA DO CONSUMIDOR

A hostilidade do cenário fez com que a confiança do consumidor em Fortaleza apresentasse queda de 3,9%. A pesquisa, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), revela que apenas 36,3% dos entrevistados possuem boa disposição para a compra de bens duráveis.

O resultado mais sublime da educação é a tolerância”

HELEN KELLER(1880-1968), escritora

Fonte: O Povo