Projeto que prevê apreensão de arma de agressor de mulheres, assim como proposta que criminaliza o assédio moral no trabalho foram aprovados pela Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (12).
A aprovação dos projetos ? que agora seguem para o Senado ? é resultado do esforço da Bancada Feminina para, no mês do Dia Internacional das Mulheres, colocar em pauta questões trabalhistas e de violência doméstica.
O primeiro projeto, do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) determina que a apreensão de arma de fogo eventualmente registrada em nome do agressor em casos de violência contra a mulher seja ordenada.
O texto insere dispositivos nos artigos 12 e 18 da Lei Maria da Penha, com a intenção de prevenir o feminicídio. Atualmente, a Lei já especifica que este pode ser um pedido aplicado à medida protetiva da vítima.
A Lei diz que quando “constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor em conjunto ou separadamente, medidas protetivas de urgência”, entre elas, a “suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente.”
O que muda com o projeto é que ao invés do juiz, agora autoridades policiais, no momento da ocorrência, também podem ordenar a apreensão no momento em que for constatada o registro ou a posse de arma de fogo pelo agressor ? nos termos do Estatuto do Desarmamento, sobre a ocorrência de violência contra a mulher.
O texto do projeto lembra que, segundo números da OMS (Organização Mundial da Saúde), o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres no mundo e que o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2017 indicou que uma mulher foi assassinada a cada duas horas no Brasil.
Decreto assinado em 15 de janeiro pelo presidente Jair Bolsonaro prevê que a “efetiva necessidade” para posse de arma concedida pela Polícia Federal irá abranger proprietários rurais e de estabelecimentos comerciais, agentes de segurança e moradores de unidades federativas que tenham índices anuais de mais de 10 homicídios por 100 mil habitantes, conforme os dados de 2016 do Atlas da Violência 2018. Todos os estados e o Distrito Federal se encaixam nesse critério. O texto não muda regras para porte de arma.
“Mesmo diante desses dados assustadores, o governo federal segue flexibilizando a legislação para o controle do comércio e da circulação de armas de fogo (...). O projeto tem como objetivo aumentar a proteção das mulheres em relação ao enorme número de armas de fogo em circulação”, diz justificativa do projeto, que ainda precisa passar pelo Senado.
Também na Câmara, o projeto da deputada Margarete Coelho (PP-PI), foi aprovado e prevê que o crime de assédio moral entrará no Código Penal como o ato de “ofender reiteradamente a dignidade de alguém, causando-lhe dano ou sofrimento físico ou mental, no exercício de emprego, cargo ou função”.
A pena estipulada será de detenção de um a dois anos e multa, aumentada de um terço se a vítima for menor de 18 anos. O caso somente terá início se a vítima representar contra o agressor. Essa representação é irretratável.
O texto ainda ressalta que, na ocorrência um acordo entre as partes em que não haja um processo criminal, este deve ter caráter educativo e moralizador. Texto também precisa ser aprovado pelo Senado.
inda na temática da violência doméstica, em regime de urgência, o Senado aprovou também nesta terça-feira (12) projeto que obriga condenados por violência doméstica e familiar contra a mulher a ressarcirem os cofres da Previdência Social por benefícios pagos em decorrência desse crime.
O projeto estabelece que esse ressarcimento aos cofres públicos não exclui a responsabilização civil de quem praticou violência doméstica e familiar contra a mulher.
Saiba quais são os outros projetos que podem ser aprovados ainda este mês.
Fonte: Huffpost Brasil