Comunicação-Notícias

Sindifisco, 17/06/2019

Inconformado com fim da capitalização, Guedes diz que querem abortar Previdência

not6.jpg

O ministro da Economia, que representa os interesses de banqueiros e rentistas do sistema financeiro, classificou como “recuo” as mudanças na proposta original encaminhada por Jair Bolsonaro à Câmara dos Deputados incluídas no relatório da Comissão Especial, elaborado pelo deputado Samuel Moreira (PSDB/SP).

Por sugestão da oposição, Moreira excluiu o regime de capitalização proposto por Guedes, que na verdade significa a privatização do sistema previdenciário, os trabalhadores bancariam sozinhos e a gestão da poupança previdenciária seria entregue ao sistema financeiro, que iria auferir bilhões de lucros com a brincadeira.

O Ministério da Economia não informou qual seria o custo de transição do sistema público para o privado, mas o presidente da Comissão Especial, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), citou estimativas de que chegaria a R$ 400 bilhões no primeiro ano, um valor quatro vezes superior à economia pretendida com a reforma, de R$ 1 trilhão em 10 anos.

A capitalização faria explodir o déficit público que o governo diz querer combater e é o grande pretexto para a reforma. Isto porque com a migração do trabalhador para o sistema privado o INSS deixaria de arrecadar as contribuições ficando, porém com a obrigação de pagar os benefícios dos que já estão aposentados.

 

A capitalização também reduziria o valor das aposentadorias, conforme sugere a experiência do Chile, onde cerca de 80% dos que se aposentaram pelo modelo implantado pelo ditador Augusto Pinochet recebem bem menos que um salário mínimo, foram condenados à miséria, o que levou a um brutal aumento do índice de suicídios entre idosos.

Parece óbvio que a capitalização só interessa a rentistas, banqueiros e empresários de uma forma geral, que mais arcariam com a obrigação de contribuir para a Previdência. Mas é a esta classe social que Paulo Guedes pertence e com a qual está comprometido. É compreensível que tenha também criticado a renomeação e aumento da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dos bancos, que deve gerar uma receita de R$ 50 bilhões para a Previdência, segundo o relator.

Guedes é um neoliberal radicalizado, que não disfarça muito a condição de representante de banqueiros e rentistas. Todo o custo de sua reforma recai sobre as costas da classe trabalhadora. 
Fonte: Portal CTB