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Sindifisco, 02/05/2017

Depois da greve geral

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Por Guilherme Boulos
Da Carta Capital

Na sexta-feira 28 o Brasil parou. Foi a maior greve geral dos últimos 30 anos, segundo muitos relatos. Maior que aquela de 1989 e comparável à grande greve de 12 de dezembro de 1986, após o fracasso do Plano Cruzado 2, no governo Sarney.

A paralisação dos transportes foi decisiva, como o é em qualquer greve geral. Mas importantes categorias de trabalhadores também decidiram cruzar os braços: bancários, professores (inclusive das escolas particulares), metalúrgicos, químicos, petroleiros, dentre outros.  As ruas das grandes cidades ficaram vazias.

Além disso, os movimentos populares organizaram bloqueios em dezenas de rodovias e avenidas centrais em todo o País. Acessos a aeroportos e aos centros comerciais ficaram travados. Aos que reclamaram, taxando os bloqueios de "abusivos", talvez esperassem que a greve fosse feita nos sambódromos. Greve geral de fato é para parar e os desafio a encontrar uma na história que não tenha recorrido à tática dos piquetes como forma de mobilização.

O dia foi encerrado com importantes protestos. Em São Paulo, mais de 75 mil manifestantes marcharam do Largo da Batata até a casa de Michel Temer. Dezenas de milhares se concentraram no centro do Rio de Janeiro. Nos dois casos, houve repressão violenta por parte da polícia. Destaque-se, em relação à violência policial, o caso do estudante Mateus Ferreira da Silva, que está internado em estado grave após ter sido atingido por policiais com uma paulada na cabeça durante a manifestação em Goiânia.

 

A greve teve também seus presos políticos. Em meio a dezenas de detidos em todo o País e posteriormente liberados, três militantes do MTST permanecem presos em São Paulo sob as incríveis acusações de "explosão" e "incêndio criminoso". Juraci Alves dos Santos, Luciano Antonio Firmino e Ricardo Rodrigues dos Santos estão neste momento em presídio, criminalizados por participarem de bloqueios na greve geral.

 

A repressão policial não foi capaz, porém, de ofuscar a dimensão da greve. Desnorteado e sem conexão com a sociedade, o governo Temer quis sustentar o "fracasso" do movimento que parou o País. O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, comparsa do "grande chefe" da Operação Carne Fraca, falou que as manifestações foram "pífias". Convenhamos, pífio é ter um tipo como Serraglio no Ministério da Justiça. De toda forma, nos bastidores o próprio governo assustou-se com o tamanho da paralisação, como relatou o jornalista Kennedy Alencar.