Definida a votação em que a Câmara salvou o presidente Michel Temer de uma denúncia por formação de quadrilha e obstrução da Justiça, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) não conseguiu esconder sua alegria na noite de quarta-feira 25. Em frente a jornalistas, dançou e cantou. "Tudo está no seu lugar. Graças a Deus, graças a Deus. Surramos mais uma vez essa oposição, que não consegue nenhuma ganhar". A música, com sua rima improvisada, foi flagrada pela Folha de S.Paulo.
A alegria de Marun não é de se espantar. O deputado, atualmente vice-líder do PMDB na Câmara, é um dos mais ferrenhos defensores de Temer e esteve em posições estratégicas. Foi vice-líder do governo e também presidente da comissão especial de reforma da Previdência, onde se discutiu um dos carros-chefes do Planalto no Legislativo.
Após a votação de quarta-feira, Marun foi o porta-voz da linha-dura que o governo deve adotar com quem votou contra Temer. "Os deputados que votaram contra o presidente devem ser excluídos da base e serem tratados como oposição. Não devem ser nem recebidos pelos ministros", afirmou.
A postura de escudeiro não é estranha a Marun. Só que antes de proteger Temer, quem estava na posição de soberano era Eduardo Cunha. Ao longo de 2015, quando o então presidente da Câmara, hoje preso, atuou para inviabilizar o mandato de Dilma Rousseff, Marun esteve ao seu lado. Defendeu o desembarque do PMDB do governo, o impeachment e participou de manifestações de rua contra a petista em Campo Grande, capital de seu estado. No ocaso de Cunha, alvo de pedido cassação por mentir à Câmara, Marun não o abandonou. No Conselho de Ética, trabalhou para anistiar o colega e, na sessão que culminou com o expurgo de Cunha, foi um dos nove deputados que votou contra a cassação, sendo o único a defender o correligionário em plenário.
A prisão de Cunha afastou os dois. Na véspera do Natal de 2016, o deputado sul-mato-grossense usou verba da Câmara para visitar o colega cassado no Paraná, onde está preso por ordem de Sérgio Moro. Após a revelação do escândalo, Marun prometeu devolver os 1,2 mil reais que usou na visita natalina.
Por Carta Capital