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Sindifisco, 28/08/2018

Grupo Imbuaça celebra 41 anos de genuína cultura popular

Há 41 anos, um dos principais grupos de teatro de Sergipe surgia. No dia 28 de agosto de 1977, a equipe que mais tarde viria a se chamar ‘Imbuaça’ surgia em Aracaju, inspirando e entretendo as pessoas em espetáculos adaptados da literatura de cordel. Nos dias de hoje, o grupo compreende sua situação como resistência e luta, mediante dificuldades de todos os níveis para manter viva a cultura popular.

Mesmo depois do início, o que marcou os jovens atores foi uma apresentação do Teatro Livre da Bahia, durante o Festival de Artes de São Cristóvão. A partir dali foi que houve uma determinação das características que marcariam diversas gerações da cultura popular sergipana. “Na época, o pessoal pensou: ‘é isso que a gente quer ser’. Foi essa a inspiração. Queriam fazer um teatro na rua, trabalhando cultura popular, pegando e devolvendo ao povo em forma de teatro. A gente transitou por diversos gêneros, mas procuramos nunca perder a questão popular. Se não estiver no texto, estará na indumentária, no figurino. O que delineia melhor a nossa identidade é isso”, contou Manoel Cerqueira, secretário e membro há 15 anos.

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O Imbuaça começou a ser conhecido como ‘Aspektro’, mas houve a percepção de que o nome não ‘casava’ com a proposta. Baseados na morte de um espectador assíduo conhecido como Mané Imbuaça, tocador de pandeiro, os membros decidiram homenageá-lo e rebatizaram o grupo. “A gente sabia que tinha que mudar. O nome não tinha nada a ver”. 

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O grupo já realizou espetáculos em todos os estados do Brasil e também em outros países nos anos 80, como México, Portugal, Cuba e Equador. O passado glorioso para os artistas, porém, já não existe mais, e hoje o trabalho esbarra em inúmeras dificuldades. “Nosso trabalho é mantido graças às vendas dos nossos espetáculos. O que tem salvado nossa situação são os editais públicos, que são lançados pela Fundação Nacional da Arte (Funarte), vinculado ao Ministério da Cultura e beneficiam grupos. Fora isso, a gente se inscreve em festivais fora do Sergipe e fica tentando. É o que garante nossa sobrevivência. Aqui no Estado tentamos vender o espetáculo para empresas que promovem esses eventos e prefeituras municipais que fazem eventos de caráter cultural. Isso, porém, não nos dá estabilidade. A crise reduziu os editais. Por incrível que pareça, nos apresentamos mais em outros estados do que em Sergipe”, lamentou Cerqueira.

Recentemente, o Imbuaça foi contemplado, por meio de um edital da Funarte, com um novo sistema de iluminação cênica. O material anterior era amador e fruto de doações. Hoje, o grupo é composto por cerca de dez colaboradores, entre atores e técnicos. O único remanescente da formação original é Lindolfo Amaral, que hoje, além de atuar, ministra oficinais anuais de teatro junto com Manoel.

Antes de ocupar a atual sede, onde ficam depositados os materiais, acontecem as oficinas e ocorrem boa parte dos ensaios e apresentações. Até a ocupação do local, funcionou no prédio da rua Muribeca, nº4, no bairro Santo Antônio, uma escola da rede municipal até que foi desativada. A apropriação do então espaço abandonado aconteceu no ano de 1991. “Ainda foi sede da Associação das Margaridas, e aí ficou fechado. Depois, o então prefeito de Aracaju, Wellington Paixão, nos cedeu em regime de comodato. Estamos aqui até hoje. Antigamente, quem nos abrigava era o DCE da Universidade Federal de Sergipe (UFS), que ficava na rua Campus”, explicou Manoel.

 

Fonte: Infonet