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Sindifisco, 14/08/2019

Marcha das Margaridas toma Brasília em defesa da soberania e da democracia

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Mais de 100 mil trabalhadoras do campo, da floresta e das águas ocupam a capital federal

 

Marcha ocorre a cada quatro anos desde 2000, em Brasília. Mulheres do campo, da floresta e das águas por cidadania

 

A Marcha das Margaridas 2019, sob o lema Margaridas na Luta por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência ocupa a capital federal desde ontem, dia 13 de agosto.

 

Realizada a cada quatro anos desde 2000, em Brasília, a Marcha se define como uma ação ampla e estratégica das mulheres do campo, da floresta e das águas com o objetivo de conquistar visibilidade, reconhecimento social, político e cidadania plena. Elas lutam contra toda forma de exploração, dominação, violência e em favor de igualdade, autonomia e liberdade para as mulheres.

 

A coordenadora-geral da Marcha 2019, Maria José Morais Costa, a Mazé, conta que milhares de mulheres se envolvem na construção desse evento. Faltando dois anos, já começam a intensificar esse processo. Envolve não só as 100 mil que vêm à Brasília, mas milhares de outras por todo o canto do país e do mundo, que sabem o que é a Marcha das Margaridas”, explica a secretária de Mulheres Trabalhadoras Rurais Agricultoras Familiares da Confederação Nacional de Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).

São 27 federações e mais de 4 mil os sindicatos filiados à Contag, que promove as Marchas com parceria e apoio de movimentos feministas, de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais.

Os eixos temáticos políticos da Marcha 2019 tocam em pontos nevrálgicos, sob risco no governo Jair Bolsonaro: a defesa da terra, água e agroecologia; da autodeterminação dos povos, com soberania alimentar e energética; pela proteção e conservação da sociobiodiversidade; por autonomia econômica, trabalho e renda; por previdência e assistência social pública, universal e solidária; por saúde pública e em defesa do SUS; por uma educação sexista e antirracista e pelo direito à educação do campo; pela autonomia e liberdade das mulheres sobre seu corpo e sua sexualidade; por uma vida livre de todas as formas de violência; por democracia com igualdade e fortalecimento da participação política das mulheres.

 

A Marcha das Margaridas chegou hoje (14) a Esplanada dos Ministérios. Ontem (13), teve uma sessão solene no plenário da Câmara dos Deputados, às 9h, e a Mostra de Saberes e Sabores das Margaridas, a partir das 14h, no Parque da Cidade. Lá, à noite, será realizado também um ato político cultural.

 

Desde o ano 2000, assim que acaba uma marcha a próxima já começa a ser organizada. Entre uma e outra, as mulheres fazem caravanas, seminários, debates, de forma que todos os documentos produzidos sejam fruto de uma produção coletiva. De 20 mil participantes no ano 2000, a Marcha multiplicou-se para 40 mil em 2003, 70 mil em 2007 e 100 mil nos anos de 2011 e 2015.

 

Saiba Mais

A primeira Margarida

Margarida Maria Alves é a “força inspiradora” da Marcha. Trabalhadora rural nordestina, conseguiu romper o padrão machista e ocupou, por 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba. Aliada à trajetória sindical, Margarida lutava e incentivava suas companheiras a lutar pelo direito à terra, pela reforma agrária. Também queria que as mulheres estudassem e fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. Aos 40 anos de idade, em 12 de agosto de 1983, Margarida foi assassinada na porta de casa. Pistoleiros armados de calibre 12 atiraram no seu rosto, na frente de seu filho e de seu marido.

O crime foi uma retaliação às denúncias que a sindicalista fazia contra abusos e desrespeito aos direitos dos trabalhadores nas usinas da região. “Seu nome se tornou um símbolo nacional de força e coragem cultivado pelas mulheres e homens do campo, da floresta e das águas”, lembra a cartilha das Margaridas. “É em nome dessa luta que a cada quatro anos, no mês de agosto, milhares de Margaridas de todos os cantos do País marcham em Brasília, num clamor por justiça, igualdade e paz no campo e na cidade.”

 

FONTE: Rádio Brasil Atual