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Sindifisco, 14/11/2019

Chile está em convulsão e é tido como ‘laboratório’ do neoliberalismo

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O Chile se encontra em convulsão social, que induziu o governo conservador de Miguel Juan Sebastián Piñera a decretar estado de emergência, toque de recolher e intensificar a repressão, entregando o controle da capital do país (Santiago) aos militares. 
O povo resiste! Há quase um mês, a população mantém os protestos, que tomam conta do país por melhoria de direitos básicos, como educação, saúde e aposentadoria. Mortes e centenas de feridos e mais de 1500 pessoas presas são alguns dos episódios que denunciam o drama do país vizinho. 
Os projetos do presidente Juan Sebastián de renda universal (com valor pouco acima do salário mínimo) e reforma constitucional (mas sem assembleia constituinte) foram rejeitados pelos movimentos sociais, nos dois últimos grandes protestos: 12 e 8 deste mês, ambos com mais de um milhão de pessoas nas ruas.
Na greve geral do último dia 12, milhões de chilenos foram as ruas em manifestações na capital Santiago e todas as capitais regionais e cidades importantes do país. Fecharam todos os portos, aeroportos e aduanas. De acordo com os números oficiais, pelo menos mil pessoas foram presas, quase 400 feridas (46 civis e 347 agentes da polícia e das Forças Armadas), uma centena de saques a comércios, 200 cortes de vias de comunicação e pelo menos 30 incêndios em todo o país. Foi incendiada infraestrutura pública e privada, sedes de partidos políticos, edifícios de moradia e universitários e escritórios governamentais. O reajuste das passagens do Metrô foi apenas o estopim da explosão.

Rumores apontavam a possibilidade de um novo Estado de Exceção, como aconteceu no dia 20 de outubro deste ano, que durou sete dias. Porém, Juan Sebatián não decretou a medida. Ele não contou com apoio parlamentar. Deputados da oposição entregaram uma carta exigindo do presidente ‘um chamado a uma assembleia constituinte’. Dois senadores opositores pediram que ele renunciasse e convocasse novas eleições, junto com um plebiscito constituinte.
Os especialistas progressistas ao analisarem o drama vivido pelo povo do Chile não ocultam as causas fundamentais: raízes que residem na política econômica ultraliberal adotada pelo atual governo.  O Chile está sendo considerado como o “laboratório” do neoliberalismo, uma política contrária ao chamado Estado de Bem-Estar Social. Nos países onde são aplicadas as regras do neoliberalismo ampliou a concentração da renda, as desigualdades sociais e a miséria das massas trabalhadoras. 
Uma saída institucional ao conflito no Chile está distante para apaziguar a violência. Os protestos não têm uma vanguarda organizada, não tem líderes reconhecidos. A oposição formada por 14 partidos, que não tem um projeto político comum e nem o controle das urnas. Da mesma forma que, o Governo está desprestigiado diante da população. 
Apesar de muita divergência e variedade, a oposição estabeleceu uma declaração conjunta na defesa de um plebiscito e à convocatória a uma assembleia constituinte para modificar a atual Constituição de 1980.
Paulo Guedes X Chile
O modelo adotado no Chile é idolatrado pelo ministro Paulo Guedes. No Brasil, Guedes está decidido em privatizar a Previdência e instituir o regime de capitalização. A receita que no Chile gerou o caos e a convulsão social. 
Para centrais sindicais no Brasil, a luta atual na grande maioria dos países latino-americanos requer a rejeição, derrota e superação do neoliberalismo, a construção de um novo projeto de desenvolvimento, fundado na valorização do trabalho, na soberania das nações, respeito ao meio ambiente, democracia e integração dos países da região.
 
Fonte: CTB e  Revista Fórum