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Sindifisco, 07/09/2022

200 anos de Independência para quem?

Essa realidade nua e crua de como vive o povo brasileiro mostra que estamos longe de conquistar nossa independência real

 

Nesse 7 de setembro, formalmente, o Brasil se tornou independente de Portugal, declaração de Independência proclamada por um príncipe com ligações familiares com a Coroa Portuguesa e que somente foi reconhecida mediante o pagamento de dinheiro, ou seja, independência comprada. Podemos dizer que nossa independência foi uma articulação “de portas fechadas” entre escravocratas, comerciantes e a própria família real portuguesa.

 

 

Como um país que falava em se libertar de outro mantinha cerca de metade da sua população submetida ao cativeiro da escravidão?

 

 

Essas contradições de origem explicam a situação de miséria em que vive a maioria do povo brasileiro, explicam também o entreguismo das nossas riquezas a outras nações e o desrespeito aos povos indígenas e ao meio ambiente.

 

 

O Brasil possui uma das maiores desigualdades de renda e patrimônio do planeta (1% mais rico possui quase a metade da fortuna patrimonial brasileira). A carga tributária recai majoritariamente sobre o consumo, afetando mais a classe trabalhadora.

 

 

Segundo os últimos dados do IBGE são 40 milhões de trabalhadores na informalidade, quase 10 milhões de desempregados. No campo alimentar 33 milhões de pessoas estão passando fome no Brasil. Mais da metade da população brasileira (58,7%) está em insegurança alimentar em algum nível e de 10 famílias apenas 4 possuem acesso total à alimentação.

 

 

Nos guetos, favelas e alagados faltam casa (8 milhões de famílias não têm casa para morar), comida, serviços públicos e dignidade. Milhares de jovens mortos, majoritariamente pretos, pela truculência policial do Estado brasileiro.

 

 

Essa realidade nua e crua de como vive o povo brasileiro mostra que estamos longe de conquistar nossa independência real. A independência formal serve apenas como retórica da elite política e econômica que comanda os destinos do país e do seu povo. Essa falsa independência e patriotismo não enche barriga, na verdade ela escamoteia a realidade penosa do povo brasileiro.

 

 

Não obstante essa situação, os pequenos espaços democráticos conquistados estão constantemente ameaçados pelo atual mandatário do Brasil. O povo não admitirá retrocessos. Ditadura Nunca Mais!

 

 

Verdadeiramente, estamos longe de conquistar a nossa independência.

 

Por José Antônio dos Santos

Presidente do SINDIFISCO/SE

07 de setembro 2022