Sindifisco defende revisão na política de renúncias fiscais e investimento no aparelhamento do Fisco
O documento intitulado de ‘Análise sobre a Composição da Receita Orçamentária Estadual de Sergipe’ elaborado pelo Escritório Regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/SE) revela a alta dependência do Estado de Sergipe das transferências de recursos da União.
Com base nos dados publicados pelo governo estadual, o estudo revela que nos últimos oitos anos (2014 a 2021), quase metade da receita corrente do Estado de Sergipe foram constituídas por repasses da União. “As receitas próprias representaram pouco mais de 50% do total das receitas arrecadadas no Estado de Sergipe, na maioria dos anos analisados, excetuando 2018, quando corresponderam a 43,2% do total e 2020 (49,3%)”, diz um trecho do documento.
O Dieese/SE aponta que a estrutura da receita arrecadada em Sergipe permaneceu quase a mesma em todo o período, a partir de 2015.
Renúncias fiscais – Para o presidente do Sindicato do Fisco de Sergipe (Sindifisco/SE), essa dependência de Sergipe aos repasses da União não é boa para a sociedade local e não justifica. “No desenho do federalismo brasileiro, a Constituição de 1988 outorgou aos Estados e Distrito Federal a competência do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) que é um imposto que incide sobre mercadorias em geral, energia, combustíveis, serviços de transporte, alimentação e comunicação. Esse imposto tem um potencial de arrecadação enorme, tanto é assim que é o que mais arrecada no Brasil, para se ter uma ideia em 2021 os Estados e o DF arrecadaram mais deR$ 650 bilhões, só com ICMS”.
Segundo o auditor fiscal, a dependência de Sergipe por transferência federal não justifica, porque “apesar de ter em sua competência um imposto com alto poder arrecadatório, ocorre que a administração estadual vem abdicando parte desse imposto ao conceder bilhões em renúncias fiscais, concomitante, há um alto índice de sonegação e o Estado desmobilizou de várias formas o trabalho do Fisco no combate a esse crime, o resultado é esse: dependência de repasses federais.
José Antônio afirma que a nova administração estadual tem como diminuir essa dependência, fazendo uma revisão na política de renúncias fiscais e investindo no aparelhamento do Fisco para combater com mais afinco a sonegação. “As renúncias representam um gasto enorme para o Estado, sem resultado para a sociedade, basta ver os índices de pobreza e desemprego no Estado”, afirma.
Tabela 1 - Evolução da receita arrecadada, por origem e fonte
Sergipe, 2014 a 2021
Fonte e origem das receitas | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 |
Receita arrecadada | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 |
Receitas próprias | 51,4 | 52,6 | 50,6 | 52,8 | 43,2 | 51,1 | 49,3 | 51,4 |
ICMS | 21,8 | 24,0 | 22,6 | 24,2 | 23,6 | 22,0 | 19,8 | 25,2 |
IPVA | 0,7 | 0,9 | 1,0 | 1,0 | 0,9 | 0,9 | 0,9 | 1,1 |
IRRF | 4,8 | 4,6 | 4,9 | 4,2 | 4,1 | 5,5 | 5,7 | 6,8 |
Contribuições | 12,2 | 12,7 | 13,6 | 13,4 | 11,5 | 10,9 | 12,4 | 13,2 |
Operações de crédito | 1,8 | 2,1 | 1,6 | 2,0 | 2,7 | 2,3 | 0,9 | 1,5 |
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Outras receitas | 10,2 | 8,4 | 6,9 | 8,0 | 0,5 | 9,5 | 9,7 | 2,7 |
Receitas de transferências | 48,6 | 47,4 | 49,4 | 47,2 | 56,8 | 48,9 | 50,7 | 49,6 |
FPE | 32,2 | 34,9 | 36,5 | 34,4 | 33,9 | 34,0 | 29,5 | 39,7 |
Fundeb | 7,4 | 7,8 | 7,8 | 7,6 | 7,7 | 7,2 | 6,3 | 8,3 |
SUS | 2,8 | 2,9 | 3,0 | 3,1 | 4,1 | 0,0 | 0,0 | 0,0 |
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FNDE | 0,5 | 0,6 | 0,5 | 0,7 | 0,8 | 0,6 | 0,4 | 0,5 |
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Convênios | 3,4 | 0,6 | 1,0 | 0,7 | 10,3 | 0,7 | 1,1 | 1,0 |
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Outras transferências | 2,5 | 0,6 | 0,6 | 0,7 | 0,0 | 6,4 | 13,3 | 0,0 |
Fonte: Sefaz-SE. Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO). Elaboração: DIEESE-ERSE.