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Sindifisco, 01/05/2023

1º de Maio: dia de luta e de revisitar a história

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"Oito horas de trabalho! Oito horas de repouso! Oito horas de educação!”

 

Hoje é dia de luta e de revisitar a história para homenagear mártires, celebrar avanços e garantir direitos.

 

Há 137 anos, o primeiro de maio de 1886 marca o início da luta pela redução da jornada de trabalho. A data tem valor simbólico e mundial. Por realizarem a greve pela jornada de oito horas, operários de Chicago e seus líderes foram perseguidos, presos, assassinados e condenados à morte. A celebração e homenagem a esses mártires não podem ser menosprezadas.

 

No Brasil, a primeira comemoração do 1º de Maio foi em 1892, em Porto Alegre, um ano depois da decisão da Segunda Internacional Socialista sacramentar a data como o Dia Internacional dos Trabalhadores.

 

Hoje, no Brasil, a pauta unificada das centrais sindicais do 1º de Maio tem como centro a luta pela revogação dos marcos regressivos das reformas trabalhista e previdenciária e mobilização em defesa do emprego, da renda, dos direitos e da democracia. Essas diretrizes foram aprovadas após empolgantes debates na Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat), que aconteceu em 7 de abril de 2022.

 

 

Saiba Mais

 

"Oito horas de trabalho! Oito horas de repouso! Oito horas de educação!”

 

Na obra ‘Primeiro de Maio – Cem Anos de Luta’, o autor José Luiz Del Roio (Centro de Memória Sindical, 2016) destaca essa passagem histórica. O autor lembra que em Chicago, no principal centro do capitalismo americano, os operários trabalhavam de 14 a 16 horas por dia.

 

No enfrentamento à fúria e usura dos patrões e a repressão violenta policial estavam as organizações sindicais os Cavaleiros do Trabalho (Knights of Labor) e Federação Americana do Trabalho (American Federation of Labor (AFL).

 

Essas organizações sindicais lançaram a palavra de ordem unitária: “a partir de hoje nenhum operário deve trabalhar mais de oito horas por dia”. Nessa época, “a condição dos trabalhadores é, no geral, idêntica à dos europeus – horas intermináveis de trabalho e salários que não possibilitam nem mesmo a reprodução da mão-de-obra”.

 

Em agosto de 1866, o congresso operário de Baltimore discute esses problemas e adota a seguinte resolução: “A primeira e grande necessidade do presente, para libertar o trabalho deste país da escravidão capitalista, é a promulgação de uma lei em que oito horas devem constituir a jornada de trabalho normal em todos os Estados da União norte-americana(...)”.

 

Em 25 de junho de 1868, o Senado americano aprova a lei Ingersoll, o qual determina oito horas de trabalho para todos os empregados da União. “Porém, essa lei não terá aplicação. A pretexto de exigências particulares que se transformaram em regra geral, as jornadas continuam as mesmas de sempre”.

Em uma das declarações programáticas da organização dos trabalhadores afirma que: “declaramos que a jornada de trabalho de oito horas permitirá dar mais trabalho por salários melhores e criará condições necessárias à educação e à melhoria intelectual das massas”.

 

Para os líderes dos trabalhadores, o Parlamento não iria promulgar a Lei de 8h: “não adianta continuar a pressionar o governo e que a coação deve ser exercida diretamente contra os patrões. Termina propondo a realização de uma greve geral nacional para atingir o objetivo das oito horas de trabalho diárias”.

 

Em abril de 1886, explodem greves violentas em diversas localidades. Vários empresários cedem e aceitam assinar contratos de oito horas de trabalho. Centenas de milhares de pessoas abandonam as fábricas. Realizam-se manifestações nos principais centros. Muitos estados aprovaram a lei das oito horas, outros encurtaram a jornada para dez horas, mas com substancial aumento de salários.

 

E a greve continua em muitos estabelecimentos. Muita repressão, com prisões e assassinatos. Sedes sindicais incendiadas. A imprensa concentra seus ataques contra aos chamados “terroristas vermelhos”.

 

No dia 21 de junho de 1886, líderes como Parsons, Engel, Fischer, Ling, Spies são condenados à morte. No dia 11 de novembro, Spies, Engel, Fischer e Parsons são executados e Lingg, suicidar-se.

 

As últimas palavras de Spies são: “Adeus, o nosso silêncio será muito mais potente do que as vozes que vocês estrangulam”.

 

Esses mártires se transformaram no símbolo da luta de todos os trabalhadores do mundo.

 

Informações extraídas do livro Primeiro de Maio – Cem Anos de Luta, de José Luiz Del Roio (Centro de Memória Sindical, 2016)

 

_ Pela unidade das trabalhadoras e dos trabalhadores brasileiros!

_ Viva o Dia Internacional dos Trabalhadores!