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Sindifisco, 26/06/2012

PARAGUAI: SENADO ARMA GOLPE E DESTITUI FERNANDO LUGO

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Ex-presidente foi acusado de cinco crimes, entre eles massacre de sem terras

Da Redação

Fernando Lugo foi destituído da presidência do Paraguai em processo relâmpago de impeachment votado na noite de sexta-feira (22), armado pela oposição de direita no Senado - foram 39 votos a favor da cassação, 4 contra e duas ausências. O processo a la 'tapetão' abriu uma crise política no país, com vários protestos, e internacional ao provocar a reação da União dos Países Sul-Americanos (Unasul) e outros organismos internacionais. Lugo também entrou com ação de inconstitucionalidade para reverter o golpe.


A Unasul enviou uma comissão ao país para acompanhar a votação, mas antes, já havia deixado claro que não admitiria golpes contra a democracia. O organismo, que reúne países do Cone Sul, afirmou que não vai reconhecer outro presidente e o país poderá sofrer sanções por violar a ordem democrática.
O governo do Equador já declarou que não reconhece o novo presidente, declarou Rafael Correa em entrevista à Telesul. A Unasul, porém, até este momento não fez novas declarações sobre a cassação.


Empossado


Ainda na noite de sexta-feira, o vice-presidente Federico Franco foi empossado no cargo no lugar de Lugo. Franco é do Partido Liberal Radical Autêntico, da coalizão que apoiou Lugo na eleição em 2008 e não governava o país há 74 anos.


O golpe contra Lugo foi justificado por vários motivos, entre eles, a morte de 11 campesinos e 7 policiais na sexta-feira (15) anterior, quando um grupo de 100 famílias sem terra tentaram ocupar terras do latifundiário Blás Riquelme, ex-senador do Partido Colorado. Outro motivos foram acusações como atitude política no comando de engenharia das Forças Armadas; Protocolo de Ushuaia II (acordo entre países membros do Mercosul que prevê sanções nos países integrantes em caso de rompimento da democracia e considerado pelo Congresso como uma afronta à soberania do país).


Provas Levianas


Os argumentos apresentados pela acusação no processo relâmpago contra Lugo foram baseados somente em matérias publicadas pelos jornais locais. A defesa do presidente teve apenas algumas horas para montar a argumentação e, segundo apoiadores de Lugo, o documento que o afastou já estava pronto na quinta-feira (21). O tom dos discursos no Senado contra Luga era raivoso e leviano, ligando o ex-presidente diretamente ao massacre dos sem-terra em Curuguaty, que ainda não foi esclarecido - há acusações de dirigentes dos movimentos sociais de que foi uma cilada armada com franco-atiradores, que dispararam tanto contra os ocupantes, quanto contra os policiais - o conhecido 'crime de bandeira trocada'.


De acordo com notícia veiculada pela Agência Brasil, o presidente empossado Federico Franco quer acabar com o desconfoto criado com os países vizinhos. Para isso, pretende se reunir com a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Uruguai José Pepe Mojica. Franco teme o rompimento da Unasul.


Noite


Na noite da cassação, foram registrados incidentes violentos nos arredores do Congresso, onde cerca de 50 mil pessoas estiveram desde a quinta-feira (21) para manifestar apoio a Lugo. Até o momento, há o registro de duas pessoas feridas.


Os manifestantes gritavam palavras de ordem como "Ditadura nunca mais".


No Brasil, cerca de 100 manifestantes que participam da Cúpula dos Povos e Rio+20, no Rio de Janeiro, protestaram em frente à Embaixada do Paraguai contra o golpe dado pela direita.


Fonte: www.carosamigos.com.br