Fernando Lugo foi destituído da presidência do Paraguai em processo relâmpago de impeachment votado na noite de sexta-feira (22), armado pela oposição de direita no Senado - foram 39 votos a favor da cassação, 4 contra e duas ausências. O processo a la 'tapetão' abriu uma crise política no país, com vários protestos, e internacional ao provocar a reação da União dos Países Sul-Americanos (Unasul) e outros organismos internacionais. Lugo também entrou com ação de inconstitucionalidade para reverter o golpe.
A Unasul enviou uma comissão ao país para acompanhar a votação, mas antes, já havia deixado claro que não admitiria golpes contra a democracia. O organismo, que reúne países do Cone Sul, afirmou que não vai reconhecer outro presidente e o país poderá sofrer sanções por violar a ordem democrática.
O governo do Equador já declarou que não reconhece o novo presidente, declarou Rafael Correa em entrevista à Telesul. A Unasul, porém, até este momento não fez novas declarações sobre a cassação.
Empossado
Ainda na noite de sexta-feira, o vice-presidente Federico Franco foi empossado no cargo no lugar de Lugo. Franco é do Partido Liberal Radical Autêntico, da coalizão que apoiou Lugo na eleição em 2008 e não governava o país há 74 anos.
O golpe contra Lugo foi justificado por vários motivos, entre eles, a morte de 11 campesinos e 7 policiais na sexta-feira (15) anterior, quando um grupo de 100 famílias sem terra tentaram ocupar terras do latifundiário Blás Riquelme, ex-senador do Partido Colorado. Outro motivos foram acusações como atitude política no comando de engenharia das Forças Armadas; Protocolo de Ushuaia II (acordo entre países membros do Mercosul que prevê sanções nos países integrantes em caso de rompimento da democracia e considerado pelo Congresso como uma afronta à soberania do país).
Provas Levianas
Os argumentos apresentados pela acusação no processo relâmpago contra Lugo foram baseados somente em matérias publicadas pelos jornais locais. A defesa do presidente teve apenas algumas horas para montar a argumentação e, segundo apoiadores de Lugo, o documento que o afastou já estava pronto na quinta-feira (21). O tom dos discursos no Senado contra Luga era raivoso e leviano, ligando o ex-presidente diretamente ao massacre dos sem-terra em Curuguaty, que ainda não foi esclarecido - há acusações de dirigentes dos movimentos sociais de que foi uma cilada armada com franco-atiradores, que dispararam tanto contra os ocupantes, quanto contra os policiais - o conhecido 'crime de bandeira trocada'.
De acordo com notícia veiculada pela Agência Brasil, o presidente empossado Federico Franco quer acabar com o desconfoto criado com os países vizinhos. Para isso, pretende se reunir com a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Uruguai José Pepe Mojica. Franco teme o rompimento da Unasul.
Noite
Na noite da cassação, foram registrados incidentes violentos nos arredores do Congresso, onde cerca de 50 mil pessoas estiveram desde a quinta-feira (21) para manifestar apoio a Lugo. Até o momento, há o registro de duas pessoas feridas.
Os manifestantes gritavam palavras de ordem como "Ditadura nunca mais".
No Brasil, cerca de 100 manifestantes que participam da Cúpula dos Povos e Rio+20, no Rio de Janeiro, protestaram em frente à Embaixada do Paraguai contra o golpe dado pela direita.
Fonte: www.carosamigos.com.br